A vontade de ofertar é uma virtude humana desenvolvida especialmente pela lateral das coxas, que trabalha com a pulsão da partilha, e pela região do osso esterno, responsável pelo desenvolvimento do processo de sociabilização.

O exercício sadio dessas funções, aos olhos da Leitura Corporal, depende da qualidade do fluxo da energia que circula pelos intestinos, sobretudo no colón descendente do intestino grosso – segmento cujo assunto principal é o senso de propriedade.

O que significa propriedade? Não se trata apenas de ter, mas de usufruir daquilo que se tem. O senso de propriedade é desenvolvido quando o indivíduo verdadeiramente se alimenta das próprias posses, até a saciedade. E para tanto é preciso que ele se dê ao direito de ter para si e de bem aproveitar o que possui.

Na maior parte das vezes a gente não distribui – a gente entrega, no sentido de desistir de possuir, acreditando que o outro é mais importante ou tem mais direitos que eu. A verdadeira distribuição, para a Leitura Corporal, nasce da gratidão pelo estado pessoal de saciedade. De tal forma que eu partilho e distribuo aquilo que é alimento para mim, depois de ter experimentando a sensação de preenchimento.

Quando a entrega suscita vazios internos, cria-se um terreno fértil para a contabilidade afetiva, isto é, para a cobrança de retornos. Se o indivíduo pratica o ato de servir servindo-se – curtindo sua casa de campo repleta de convidados, comprazendo-se em preparar o banquete que será oferecido, e dando-se ao direito de a nada e a ninguém atender quando a vontade é de simplesmente usufruir de suas propriedades -, ele se protege da carência de respostas e da frustração caso sua oferta não suscite as respostas esperadas.

Só o fato de termos verdadeiramente desenvolvido o senso e o direito de propriedade é que possibilita que os atos de distribuição se façam com maior qualidade de saúde. E quanto mais a gente verdadeiramente oferece, mais abundância a gente traz para si.